Ainda jovem, Eva Perón conseguiu firmar-se como estrela de rádio-novela em Buenos Aires.
Em 1943, um golpe de Estado promoveu a instalação de uma ditadura militar de extrema-direita que provocou uma nova etapa na vida política da Argentina. Nesse período teve um relacionamento amoroso com Aníbal Imbert, um militar que encabeçou o golpe político que controlava todo o país. No ano seguinte, um terrível terremoto arruinou a cidade de San Juan, que teve de contar com a ajuda das autoridades para que pudesse se recuperar do desastre.
Para ajudar na tragédia de San Juan, um grupo de artistas foi enviado para a região com a meta de organizar um evento beneficente para arrecadar fundos para as vítimas do desastre. Na ocasião, conheceu Juan Domingo Perón, secretário do Ministério do Trabalho incumbido de auxiliar as vítimas do terremoto. Em um evento noturno, Juan e Evita passaram uma longa noite conversando e trocando galanteios. A jovem vedete do rádio atraiu o ambicioso secretário que almejava planos mais ambiciosos.
Ocupando o ministério do Trabalho, Juan Perón projetava de forma meteórica sua carreira política e, ao mesmo tempo, desfilava com orgulho ao lado de sua vedete radiofônica. Sua aproximação das classes trabalhadoras tornou o estadista tão famoso como sua mulher. Uma prova desse prestígio alcançado aconteceu em 1945, quando os trabalhadores foram às ruas exigindo a libertação de Juan Perón, que havia sido preso por opositores do Exército.
A libertação por pressão popular foi o evento que culminou na breve e futura ascensão de Juan Perón à presidência da Argentina. Para que pudesse viver as mesmas glórias que as massas dirigiam a seu amante, Eva decidiu falsificar seus documentos para que pudesse casar com o futuro presidente da Argentina. Dessa maneira, Evita tinha em Juan Perón um baluarte que resolveu tirar a filha de um enlace ilegítimo da pobreza que marcou toda sua infância.
Com isso, o discurso populista do peronismo tinha uma articulada representante capaz de reforçar o tom paternalista com o qual o novo presidente marcou a vida política da Argentina. Para representar essa nova etapa em sua vida, Eva pintou os cabelos de loiro em um gesto que representava a transformação de uma jovem sonhadora, em uma defensora apaixonada do discurso anti-oligárquico encabeçado pelo homem que lançou sua vida para a história dos argentinos.
Em 1947, passou uma temporada na Europa que transformou seus gestos e vestimentas dignas de uma primeira-dama. Nesse período, tinha grande preocupação em praticar a caridade e retribuir o carinho do povo que simplesmente venerava os favores e a beleza de uma mulher do poder. A amada “mãe dos pobres” organizou um escritório na residência presidencial onde recebia milhares de doações para serem distribuídas aos mais necessitados.
O sucesso da empreitada possibilitou a criação da Fundação Eva Perón, instituto a partir do qual realizava inúmeras doações e atendia pessoalmente uma fila extensa de necessitados que lhe dirigia os mais diversos pedidos de ajuda. A rotina da heroína dos necessitados durava 18 horas ininterruptas, trabalhando com ações de caridade que começavam às 7 horas da manhã e só terminava nas primeiras horas da madrugada. Em pouco tempo, a estrela de Evita parecia ameaçar o próprio marido.
Nessa mesma época, Evita criou uma equipe de assessores própria e fundou o Partido Peronista Feminino, no qual se abria as portas para seus ardentes discursos populistas. A fama da primeira-dama provocou uma reviravolta no cenário político controlado pelo marido quando, durante um comício marcado pela presença do casal, a multidão gritava a favor de uma chapa eleitoral composta por Juan Perón, presidente, e Evita, a “mãe dos pobres”, como vice.
A essa altura, a primeira-dama sofria um grande drama pessoal com o desenvolvimento de um câncer de útero insanamente ignorado. Além disso, o poderoso casal que mobilizava toda Argentina entrou em crise quando o marido olhava com tremenda desconfiança e receio a ascensão política de sua própria mulher. A tensão instalada no relacionamento e o avanço de sua doença impediram que Evita Perón aceitasse o convite feito pela própria população.
Depois disso, Evita Perón se recolheu aos aposentos presidenciais para experimentar os últimos dias de sua terrível agonia. Paralelamente, um levante militar dava indícios que o governo de Juan Perón não teria meios de se preservar no poder. Antes disso, no auge de seu padecimento, Evita realizou uma negociação que resultou na compra de armas que seriam distribuídas aos defensores do peronismo. Contudo, a inevitável morte de Evita, em 1952, arruinou todas as possibilidades de preservação do peronismo.
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