Rainha francesa de origem italiana, Catarina nasceu em Florença no dia 13 de abril de 1519, filha de Lorenzo de Médici, duque de Urbino e da francesa Madeleine de La Tour D’Auvergne. Devido a um acordo entre o papa Clemente VII e o rei da França Francisco I, casou-se aos 14 anos com Henrique, segundo filho do rei francês. Durante os primeiros anos do casamento foi desprezada, por ser filha de uma “família de mercadores italianos” e por não conseguir conceber, mas teve ao todo 10 filhos com o marido, que assumiu o trono da França como Henrique II.
Durante toda a sua vida de casada, travou uma luta surda com a amante do marido, Diana de Poitiers. Com a morte de Henrique II e de seu filho mais velho, Francisco II, Catarina finalmente conseguiu que Diana devolvesse as jóias da Coroa, com as quais fora presenteada pelo amante (que para isso a havia nomeado “Guardiã das Jóias da Coroa da França”), a retirar-se da Corte e a trocar o belíssimo castelo de Chenonceau pelo muito menos belo castelo de Chaumont-sur-Loire. Com a ascensão ao trono francês do filho Carlos XI, ainda menor de idade, em 1560, Catarina tornou-se regente da França.
Tentou conter os conflitos religiosos que dividiam a França, procurando manter-se imparcial em relação aos protestantes (huguenotes), liderados pelo almirante Gaspar de Coligny, e aos católicos, liderados pelos poderosos Guise. A situação de guerra civil na França culminou com a violenta Noite de São Bartolomeu em 24 de agosto de 1572, quando Coligny foi executado e as tropas dos Guise mataram 300 mil huguenotes.
Durante o período em que permaneceu no poder (até 1574) e, mesmo ainda antes, foi uma apaixonada patronesse das Artes e entre suas principais realizações estão a ampliação do palácio do Louvre, residência então dos reis franceses, a construção do palácio das Tulherias e o aumento do acervo da biblioteca de Paris. Catarina morreu no castelo de Blois em 5 de janeiro de 1589.
As jóias, o vestido e os adereços que Catarina usa nesta pintura (de autor desconhecido) são muito representativos do Renascimento francês: o veludo negro do vestido é inteiramente recoberto com uma treliça feita de pérolas bordadas, contendo safiras e diamantes emoldurados em ouro em cada intersecção e sendo os espaços preenchidos por um desenho feito em fios de ouro.
A parte superior do vestido, espartilhada, contém um decote em meia lua recoberto, em ambos os lados, por uma fina gaze rebordada de pérolas e safiras. A gola alta é também em gaze enfeitada por bordados nas pontas e deixa à mostra somente a parte frontal do pescoço.
Um grande broche em ouro, diamantes, safiras e pérolas adornam a parte superior do vestido e dele pende um fio de pérolas, diamantes e safiras.
No pescoço a rainha usa um colar com pérolas, diamantes e safiras. Brincos de pérolas e diamantes adornam suas orelhas.
As mangas do vestido, da metade do braço até a metade do antebraço, estão cobertas por arminho. As mangas que cobrem os braços até as mãos dão a impressão de que fazem parte da roupa usada por baixo do vestido negro, mas são falsas, já que na verdade estão costuradas ao arminho. De mesma cor e tecido, seda rosa - clara, estão decoradas seguindo o mesmo padrão de design do vestido, mas são também rebordadas com fios de prata que formam um segundo padrão e possuem botões de ouro e diamantes para ajustar o cetim branco que sobressai das mangas.
A saia da roupa inferior segue o mesmo padrão de estilo das mangas falsas. Na cintura traz um longo cinto feito de fios de pérolas, safiras e ouro e em cuja ponta pende uma cruz feita em ouro e decorada com diamantes, safiras e pérolas. O adorno de cabeça, conhecido como “capuz francês”, é decorado com as mesmas gemas que enfeitam as vestes da rainha e bordado com fios de ouro e prata. Na mão direita, Catarina segura um grande leque de penas de avestruz e ouro, também decorado com as mesmas pedras preciosas que estão em sua roupa.
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*Julieta Pedrosa - carioca, arquiteta formada pela UFRJ, pós-graduada em Análise de Projetos pela FGV, e com vários cursos em áreas da joalheria, é designer de jóias e professora de História da Joalheria e de Gemologia Básica em Brasília, DF, onde mora. Suas jóias exibidas em cidades do Brasil( Rio de Janeiro, Belo Horizonte São Paulo e Brasília), Portugal (Lisboa e Coimbra), Espanha ( Madrid), França ( Lyon), Itália (Vicenza), Suiça( St Gallen) e China ( Hong Kong), privilegiam as linhas curvas, a fauna e a flora brasileiras.
e-mail: julietapedrosa@terra.com.br / julieta@julietapedrosa.com.br site: www.julietapedrosa.com.br / www.historiadajoalheria.com |
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