Espalhada num terreno de dois mil metros quadrados, a mansão do arquiteto em São Paulo traduz seu estilo palaciano e seu olhar apurado de colecionador
(IstoÉ Gente - Estilo)
Silviane Neno fotos Juca Rodrigues/Ag. IstoÉ
Uma das salas de refeição da residência, usada para jantares com
poucos convidados.
poucos convidados.
Ao lado Jorge Elias nos jardins da residência. Paisagismo de
Rubens de Almeida.
Rubens de Almeida.
HÁ QUATRO ANOS, NUMA FESTA, ao ser apresentado para o estilista Hubert de givenchy, o arquiteto Jorge elias foi anunciado ao costureiro como sendo "o Henri samuel brasileiro". "fiquei touché, foi o maior elogio que já recebi na minha vida", afirma elias. Às apresentações: o francês Henri samuel (1904-1996) é um dos grandes decoradores de todos os tempos. Durante grande parte do século 20, samuel decorou casas, a maioria mansões históricas, da alta sociedade internacional. foi pioneiro na mistura de móveis e obras de arte de diferentes períodos e origens. seu último projeto foi a mansão de Valentino, que não chegou a concluir.
Quem conhece os projetos de interiores de Jorge elias - a luxuosa Daslu, em são Paulo, entre eles - percebe o perfume do traço francês do século 19 e entende o porquê da comparação com o style samuel. "Nunca copiei ninguém, apenas é um estilo com o qual me identifico", diz.
Sua residência, numa das ruas mais nobres do Jardim europa, bairro paulistano onde o arquiteto vive com a mulher lucila e os dois filhos, é a prova de que elias tem, de fato, extrema originalidade. os amplos salões nos quais o casal costuma receber os amigos em festas memoráveis, como o tradicional pré-réveillon, estão sempre mudando. De tempos em tempos, móveis, quadros e objetos passeiam pelos ambientes e, rearranjados, parecem entregar leitura ainda mais perfeita. elias tem especial talento em distribuir a seleção do melhor da arte brasileira numa conversa com a pintura europeia dos séculos 17 ao 20.
Seu gosto pela arte começou a ser moldado nos cursos de história da arte, restauro e mobiliário na Universidade de roma e nos anos de trabalho como antiquário. A coleção inclui tomie othake, evald granato, Áquila, Jorge guinle e Di Cavalcanti, entre outras preciosidades.
Elias tem especial predileção pelo azul. Uma das salas é inteira montada nas variações de seu tom preferido. foi essa paixão pela cor que o levou a arrematar num leilão da sotheby's, em Nova York, um legítimo Yves Klein. A peça do francês que patenteou um pantone de azul intenso, celebrado como "azul Klein", foi trazida para o Brasil com requintes de segurança. "tive muito receio que algo esbarrasse e lascasse a peça", diz. "Quem seria capaz de restaurar essa cor?" o busto, como convém, foi colocado numa redoma sobre um móvel na entrada principal do casarão.
Na suíte do casal, tons suaves e atmosfera romântica. o quarto, como toda a casa,
acompanha o estilo hôtel particulier. |
"Compro arte há 28 anos", conta elias, elegantíssimo numa calça pied-de-pule , camisa polo branca, cardigã preto da Prada e mocassim sem meias, sentado de costas para o imenso jardim de 700 metros quadrados. A casa tem clima parisiense, poderia estar no faubourg saint-Honoré ou em qualquer outro quartier de Paris, mas estamos em são Paulo. As escadarias de mármore que levam à parte íntima da residência, termina num corredor que dá acesso a um escritório e ao quarto do casal. o amarelo suave nas paredes, cadeira e sofá emprestam uma certa leveza ao ambiente, mas o lustre de cristal, as tapeçarias e a escrivaninha assinada se encarregam de manter a atmosfera aristocrática.
Na parede em cima da cama uma foto de Marilyn Monroe é a pegada ousada que Jorge sabe fazer como poucos. É um dos cliques do derradeiro ensaio da atriz feito pelo fotógrafo americano Bert stern, quatro dias antes da atriz cometer o suicídio com uma overdose de tranquilizantes. "Meus amigos se juntaram e me deram de presente de aniversário. Desde esse dia, nós dormimos com Marilyn", ri.
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